Nessa semana eu terminei de ver as temporadas de Hora da Aventura que estavam disponíveis no Netflix.
O desenho Hora de Aventura (Adventure Time, no original) desenvolvido para o Cartoon Network conta a história de Finn, o humano, e seu amigo Jake, o cachorro, no mundo mágico em que vivem.
A princípio, eu sempre imaginava que ele seria um desenho extremamente bobo e infantil, como muitos outros que vi saindo, mas o Cartoon Network costuma escolher bem os seus programas e Hora de Aventura foi mais uma escolha correta.
Pensando no desenho como algo para crianças, o programa já é um bom sucesso, pois contém aventura, ação, humor e, principalmente, muita cor e criatividade. A forma de “humanizar” dezenas de coisas diferentes é impressionante, como visto num dos principais reinos daquele mundo, o Reino Doce.
Tal local é governado por uma princesa cientista chamada de Princesa Jujuba, que é apenas um elo nas aventuras e uma forma de dar um toque de romance ao protagonista Finn. No entanto, o resto do reino e seu povo é extremamente interessante e engraçado, são os mais variados tipos de doces, com características bem definidas e tudo mais.
Então assim, é um desenho que qualquer menino poderia curtir, mesmo em idades mais tenras…
Mas existe muito mais aí do que essa primeira impressão.
Decidi assistir Hora da Aventura pela indicação de um amigo que considero ter muito bom gosto, que me disse para prestar a atenção nos outros níveis que o desenho apresenta, do mesmo modo que podemos ler um conto de fadas pela simples estória ou tentar perceber o que ele está querendo ensinar. E não me arrependi de seguir seu conselho, pois vi muita coisa boa na série e me senti feliz por ver que existem bons desenhos passando, como eram os da nossa infância, bem, alguns deles pelo menos.
Dois pontos “mais profundos” me chamaram a atenção.
O primeiro deles é o quanto de coisas boas, e aqui leia-se “virtudes”, são demonstradas no Hora de Aventura. Os heróis, pois vejo Jake e Finn com o mesmo peso, são extremamente virtuosos, nos aspectos de coragem, honra, honestidade e caráter. Coisas que atualmente são tão criticadas por estarem em falta. Para contrapor isso, os vilões que surgem, como o Lich, são extremamente maus e opostos aos heróis, o que dá ainda mais contraste.
O segundo é a complexidade dos personagens de Hora de Aventura. Um dos meus favoritos é o próprio Rei Gelado, suposto vilão, mas que tem um backgroud de um personagem muito mais elaborado e bem construído. Não é uma personificação do mal como o mencionado acima, mas alguém com conflitos e uma série ENORME de problemas mentais. Assim como a própria Marceline, com suas músicas. Todo episódio que ela aparece eu ficava ainda mais cativado pela personagem e também por todo aquele mundo.
Sem falar da relação macro/micro existente no desenho, que possuí episódios fechados entre si, mas que se conectam em pequenas amarras à uma estória muito maior e mais completa. Dá para perceber facilmente como todo aquele universo foi criado detalhadamente antes de começar a ser explorado, de modo que a personalidade de cada um é estruturada por uma linha fixa provinda de um passado e que se altera conforme os acontecimentos da saga.
Recomendo dar uma chance ao Hora de Aventura, sem preconceitos e por alguns episódios. São todos bem rápidos, em torno de 11 minutos cada, mas que montam um quebra cabeça que seria um prato cheio para um pai poder assistir e aproveitar com seu filho.
Abrsss e até a próxima!