Confesso que de incio estava muito cético sobre como e pra quem Atomicrops existe. Ele parece conflitante quando colocado no papel : De um lado, o bucolismo e trabalho braçal de um simulador de fazenda, de outro o furor louco de um bullet hell. Só sei que quem pensou em juntar Stardew Valley com Enter The Gungeon acertou em cheio. Sem contar com a pegada de Rogue Like. Sendo cria do estúdio Raw Fury, de pérolas indies como Dandara e Kigdom Two Crowns, já era de se esperar algo de qualidade.
Carismático e engraçado, a idéia inicial é fazer piada com o gênero de simulador de fazenda: a historinha é basicamente a mesma de sempre: seu tio distante morreu e deixou uma fazenda aos pedaços pra você cuidar. O problema é que logo no primeiro dia ocorre uma explosão nuclear e, por sorte, você se salva em um abrigo.
Assim sendo, você continua precisando plantar e colher e melhorar sua fazenda, agora de vegetais e frutas com olhos, bocas e faladoras, enquanto protege de lesmas gigantes, coelhos mutantes armados, arvores sencientes e toda sorte de bicho mutante que quer se alimentar da sua colheita.
Dito isso, o jogo segue um ciclo frenético, o que garante partidas rápidas e satisfatórias: Cada estação do ano tem 3 dias, cada dia 4 minutos. Durante o dia, você tem 2 minutos para preparar o terreno, plantar, irrigar, adubar e explorar o máximo possível dos cenários em busca de mais sementes e itens que ajudem a expandir e melhorar a fazenda e seu funcionamento. Os outros dois minutos, você precisa se defender e a sua plantação durante a noite, de toda sorte de animais que querem comer seus vegetais.
Logo, para maximizar seu lucro, você vai estar colhendo e plantando e adubando e irrigando durante os tiroteios. Ao final do dia, um helicóptero te leva pra vila, onde você dá os vegetais em troca por caju, a moeda corrente desse mundo. A vila vive cheio de animais antropomórficos no melhor estilo Animal Crossing,mas com o carisma 2D de um misto de Stardew Valley e Enter The Gungeon.
Com os cajus, você compra novas armas, sementes e melhorias que permitem acessar mais áreas do mapa que só seriam acessados em outras estações do ano. No final do terceiro dia, vem um boss e, se derrotado, há uma festa da colheita onde sua pontuação da estação é somada e a vila lhe dá vários equipamentos de acordo com o total de colheita (e o tanto de fome que eles ainda tem).
Outra moeda são as rosas, que você precisa plantar e colher e são específicas para itens mais caros como vida extra e, principalmente, flertar. Há personagens que você pode oferecer rosas e ganhar melhorias durante o percurso, podendo chegar a casar com eles e ganhar uma mãozinha extra na hora das batalhas noturnas.
Logo há vacas irrigando tudo, galinhas limpando o terreno, centenas de vegetais pulando e cantando, tiros para todos os lados e você morre… e volta tudo desde o início. Alguns marcos, como sobreviver a um ano inteiro, permitem que você tenha melhorias permanentes e abram novos fazendeiros garantindo outras possibilidades, o que permite recomeçar o processo mais rápido. Mas a cada ano e estação, novos e mais complicados inimigos vão aparecendo, o que gera um ciclo sem fim comum a ambos os estilos.
O maior mérito de Atomicrops, junto com o carisma e a trilha sonora gostosinha, é como a mecânica de ambos os estilos foi simplificada e combinada, juntando dois produtos de nicho totalmente antagônicos em um único produto 100% divertido e polido. Como todo rogue like, ele as vezes faz você passar raiva, mas logo te coloca de volta na ação e quando você vê já foram mais horas e trocentas mortes, mas novas idéias e metodologias aprendidas. A cada rodada, você melhora e aprende uma coisa nova, desde que não tenha medo de explorar.
Atomicrops está disponível no PC, PS4, Xbox One e Switch e foi analisado no Xbox One através de cópia cedida pelo estúdio.