O anúncio de Resident Evil 3 Remake deixou os fãs da franquia eufóricos.
Após o sucesso de seu antecessor, era notável o desejo dos jogadores por uma reimaginação do clássico RE3 Nemesis, que conta com retorno da querida Jill Valentine e também do implacável Nemesis, um dos vilões mais icônicos do mundo dos games.
Aos nossos olhos pareceu um tiro certo, uma vez que o RE 2 Remake levou a série a patamares nunca antes alcançados com sua RE Engine, entregando gráficos de ponta, um foto realismo impressionante, explorando o gore tão característico da franquia e apresentando uma história com cinematics de cair o queixo.
Fico feliz em dizer que de fato o tiro foi certeio, mas com algumas ressalvas que irei abordar a seguir.
História bem familiar, mas que apresenta mudanças
O enredo de Resident Evil 3 Remake é bem familiar, apesar de não muito profundo, o que não chega ser algo ruim.
Assim como acontece em seu antecessor, o início recebeu um adendo bem interessante e de tirar o fôlego, que molda toda nossa experiência daí em diante. Ou pelo menos é o que esperamos.
É muito gratificante ver certos encontros conhecidos com todo o poder da RE Engine, que proporciona expressões faciais incríveis e nos dão a carga emocional exata daquele momento.
Contudo, alguns acontecimentos foram alterados, seja para fazer uma conexão com o game anterior ou para se adequar a adaptação feita para um determinado personagem. Não darei mais detalhes para evitar spoilers.
Confesso que senti falta de alguns momentos, mas isso não acabou ferindo a experiência para mim. Acredito que os fãs mais hardcore irão se incomodar um pouco mais.
Personagens e sua personalidade
Este é um ponto no game que não tenho do que reclamar. A Capcom fez um trabalho impecável ao apresentar a personalidade e mostrar as motivações de cada um.
Durante a fase de desenvolvimento, foi dito que Carlos Oliveira sofreria uma mudança notável com relação ao clássico. Fico feliz em dizer que essa mudança foi para melhor, pois o integrante da U.B.C.S é leal, divertido e gera empatia logo em sua primeira aparição.
Jill Valentine não fica para trás. Decidida, forte, extremamente badass e com um grande coração. É muito satisfatório ver a garra da personagem, como enfrenta as adversidades e como é capaz de reconhecer o valor dos demais. Novamente não entrarei em detalhes.
Se gostamos facilmente dos personagens anteriores, o contrário acontece com Nicholai, não por ter uma construção ruim, mas por entregar exatamente aquilo que o personagem é. Ele é inescrupuloso, só pensa em si mesmo e toda essa personalidade é mostrada a cada aparição do mesmo.
Os demais como Mikhail, Tyrell, tem participações pontuais, porém muito boas. Mikhail por exemplo, é responsável por um dos momentos mais icônicos do game. Acredito que vocês saibam qual é.
Nemesis implacável e atormentador?
Uma das grandes estrelas de Resident Evil sempre foi o poderoso Nemesis. O tyrant foi capaz de causar momentos de pura tensão e adrenalina no clássico.
No Resident Evil 3 Remake ele apresenta todas essas características e consegue te deixar apreensivo a cada corredor percorrido.
Encara-lo exige tranquilidade do jogador, principalmente quando estamos cercados por zumbis no processo, mas também não chega a ser um bicho de sete cabeças.
Apesar de incomodar consideravelmente em um bom segmento do game, senti uma certa redução destes momentos se comparado ao clássico. Isso se deve, ao meu ver, a certas adaptações que fizeram no enredo que vocês, ao jogar, irão entender.
A partir do momento que esta reviravolta acontece, fica um tanto implícito que estas situações de tensão não irão mais acontecer.
Contudo, se comparado ao Mr. X, Nemesis é uma ameaça muito maior. Ele pode correr para cima do jogador, bloquear nosso caminho, nos agarrar com seus tentáculos e até mesmo atordoar Jill com seu berro, fazendo com que a mesma fique vulnerável a seus ataques e de qualquer inimigo a sua volta.
Recomendo cautela ao esbarrar com o monstrão e o aperfeiçoamento da esquiva perfeita.
Ambientação ligeiramente mais ampla e inimigos
Enquanto no Resident Evil 2 Remake perambulamos pelos corredores estreitos da Delegacia, em RE3 nós partimos para as ruas tomadas pela infecção de Raccoon City.
Esta ambientação mais ampla nos permite esquivar de zumbis mais facilmente, mas não quer dizer que o perigo não seja mais real. Enquanto temos a vantagem de locais amplos, para equilibrar a situação o game coloca mais zumbis circulando.
Caso não tenhamos cuidado, é fácil ser encurralado pelos monstros e sem o domínio da esquiva, um combo de mordidas que leva a morte é inevitável.
Ainda sobre os zumbis, estes monstrengos estão mais fortes do que no jogo anterior. Deve-se repensar a estratégia de desmembra-los ao atirar nas pernas, que muitas vezes custam a ceder e os mesmo não atordoam tão facilmente quanto no RE2.
Outros inimigos já confirmados publicamente, como o Hunter Beta e Gama, também são ameaças consideráveis, pois ambos possuem ataques “1 Hit Kill”, ou seja, que matam na hora.
No entanto, o Hunter Beta é ainda mais perigoso devido a sua mobilidade.
Mecânicas e mudanças com relação ao RE2
Quando a demo de RE3 foi liberada, a primeira mudança notável está na famosa faca de combate, agora sem durabilidade. É possível usa-la a qualquer momento sem se preocupar se a mesma irá quebrar ou não.
Tivemos também a adição muito bem vinda da esquiva, que salva em diversas situações, principalmente contra o Nemesis, e possui o adicional da esquiva perfeita, que ativa uma câmera lenta momentânea e nos permite descer chumbo nos inimigos.
Algumas mecânicas implementadas no RE2, como o counter em zumbis com facas e granadas, foi retirado. Isso é compreensível, uma vez que temos a esquiva para nos auxiliar no combate. Confesso que seria um tanto apelão termos mais este recurso a disposição, principalmente com faca infinita.
Em um contexto geral, tudo é bem familiar ao que vimos no jogo anterior, o que não é algo ruim, visto que a jogabilidade funciona muito bem e foi refinada no RE3.
Contudo, um ponto que me incomodou neste jogo foi o fato de a faca não desmembrar os zumbis como antigamente. Após derrubados, podemos fatia-los infinitamente, mirando em seus braços e pernas, que os mesmos continuam ali, intactos.
Unido ao fato dos zumbis não serem atordoados com facilidade, é perigoso apostar em dar facadas no zumbi para finaliza-los, caso não estejam desmembrados.
Gráficos impressionantes e gore mais contido
Apesar de utilizar a mesma Engine de Resident Evil 7 e Resident Evil 2 Remake, é possível perceber uma bela evolução gráfica.
Tivemos a oportunidade de joga-lo no PC utilizando uma GeForce RTX 2070 Super, fornecida pela NVIDIA, o que garantiu o maior primor gráfico possível.
Diferente do RE2, este novo Remake não apresenta uma ambientação tão acinzentada. Ao andar pelas ruas de Raccoon City tudo é mais vivo, principalmente devido aos letreiros de LED das lojas que enaltece as diferentes cores do game.
O Gore do jogo, por outro lado, está mais contido. Enquanto no RE2 as pernas dos zumbis desmembrados ficavam expostas no chão, neste elas somem. Cenas de morte dos protagonistas, como em ataques “1 hit kill” dos betas, não decepam o personagem.
Não temos nenhum momento remotamente parecido com o Zumbi em RE2 Remake que aparece com o rosto desfigurado e na carne viva em um dos corredores delegacia.
E quanto aos Puzzles?
Nós temos Puzzles em Resident Evil 3 Remake, mas fico triste em dizer que alguns foram retirados.
Não irei entrar em mais detalhes para evitar spoilers, mas acredito que muitos fãs sentirão falta de alguns quebra cabeças.
Mas e ai, vale a pena?
Apesar de todas as ressalvas quanto a adaptações e mudanças com relação ao RE2 Remake e o clássico, Resident Evil 3 Remake ainda é um ótimo jogo.
A jogabilidade é bem gostosa, temos momentos de tirar o fôlego, cinematics impressionantes que nos entregam a história e personagens bem desenvolvidos, no que tange a proposta de cada um dentro do game.
Se você é um fã da franquia e principalmente de Resident Evil 3, você precisa joga-lo. A Capcom escorregou sim em alguns aspectos do game, mas nada que ferisse gravemente a experiência como um todo.
O próximo passo lógico da empresa será reimaginar o Resident Evil: Code Veronica, assim espero. Estou bem curioso sobre o que mais eles podem fazer e para onde irão levar a franquia nesta sua fase tão primorosa.
Resident Evil 3 Remake será lançado mundialmente no dia 03 de Abril de 2020 para Playstation 4, Xbox One e PC’s.
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