Depois do hiato de 1 ano da franquia Assassin’s Creed em 2016, o que considero uma decisão extremamente acertiva da Ubisoft, eis que em 2017 a empresa nos entrega um novo jogo com uma proposta diferente… contar a origem da icônica irmandade dos assassinos.
Ambientado no Egito Antigo, Origins nos coloca na era Ptolomeica onde o faraó, Ptolomeu XIII, guiado por um misterioso grupo auto-intitulado de a “Ordem dos Anciãos”, luta para manter seu domínio através da opressão e violência sobre a população egípcia.
Em contra-partida, sua irmã Cleópatra, deposta de quaisquer direitos sobre o reino, começa uma rebelião com seu grupo de leais seguidores com o intuito de minar, uma cidade por vez, o domínio de seu irmão.
Isso nos leva a Bayek, nosso protagonista, conhecido por ser um Medjay, que seria a elite do poderio militar do faraó e sua nação. Mais do que uma força policial, eles eram extremamente respeitados por todos e verdadeiros símbolos de honra, coragem e dever. Por esta razão carregam em seus braços uma placa contendo o olho de horus, que representa a proteção da população egípcia.
Bayek vivia uma vida tranquila com sua esposa Aya, até que, por conta da ganância e sede de poder de Ptolomeu e da Ordem dos Anciãos, uma terrível tragédia assola a vida de ambos. Ele então vai para o exílio com o intuito de rastrear e matar todos os responsáveis pelo que aconteceu a sua família, assim como Aya, que segue um caminho diferente, mas com a mesma finalidade, se aliando a Cleópatra na luta contra Ptolomeu.
O protagonistra foi muito bem construído e é interessante ver que, apesar de sua cruzada em busca de vingança, seus dogmas como um Medjay continuam presentes. Quando não confronta seus inimigos, Bayek realmente nos passa a personificação de protetor do povo, sempre disposto a ajudar os necessitados. É bonito também ver todo seu carinho e atenção com Aya quando estes se encontram, alternando entre momentos de pura ternura, assim como atitudes engraçadas que nos arrancam sorrisos. Não me conectava tanto com um protagonista desde Ezio Auditore, que continua sendo o mais incrível de todos.
A narrativa de modo geral é bem interessante, pois além de focar na vingança de Bayek e desvendarmos aos poucos os reais interesses da Ordem dos Anciãos, são explorados ao longo de toda a campanha principal e das missões secundárias, diversos traços da cultura egípcia da época, como presságios, maldições, costumes, religião e devoção aos numerosos Deuses egípcios.
Por se passar muitos anos no passado, antes mesmo do primeiro Assassin’s Creed, os livros de história não foram suficientes para que a equipe de pesquisa da Ubisoft pudesse construir o mundo o mais fiel possível. Com isso, Maxime Durand, coordenador de produção e pesquisador da Ubisoft Montreal, trabalhou lado a lado com vários historiadores e experts da cultura egípcia para suprir esta necessidade.
O resultado disto é uma das ambientações mais espetaculares de toda a franquia. A retratação do egito antigo é belíssima, principalmente quando aliada ao poder do novo Xbox One X, que torna ainda mais nítido todo o cuidado da equipe de produção, sendo sempre necessário uma pausa na jogatina simplesmente para apreciarmos a vista.
Mas tanta riqueza em detalhes da lugar também a bugs. Vez ou outra acontecem delays de renderização após o load, alguns bem perceptíveis, a vegetação, bastante fluida, algumas vezes buga quando em contato com vento, os animais do game algumas vezes aparecem congelados, ou até mesmo flutuando dependendo do ambiente. Aconteceu de, quando estava navegando, um hipopótamo se prender em minha canoa sem que eu pudesse fazer nada, causando minha morte. Em suma, bugs em um jogo tão vasto como Assassin’s Creed vão ocorrer e alguns podem frustrar um pouco, mas nada que atrapalhe a experiência do jogador.
Quando anunciado, o que mais nos chamou a atenção foi a total re-criação do sistema de combate, diferente de tudo que foi feito na franquia e lembrando jogos icônicos como Dark Souls. Fico feliz em dizer que esta mudança foi muito bem vinda, por trazer mais liberdade ao jogador, não sendo necessário ficar a maior parte do tempo na defensiva, aguardando um ataque do inimigo. Temos agora mais dinâmica em combate, mais realismo, é possível sentir o peso do golpe desferido, o impacto da defesa com o escudo, além de estar mais desafiador do que nunca.
A diferença de level do protagonista em relação aos inimigos tem um peso absurdo e é decisivo no combate, fazendo com que o jogador pense mais antes de agir, pois estar rodeado de um grupo de inimigos de mesmo nível, ou apenas 1 level acima do seu pode ser fatal. Ao invadir um forte inimigo, por exemplo, optar pelo stealth pode ser uma jogada inteligente.
Aliado ao level de Bayek, temos naturalmente uma árvore de habilidades com três ramificações distintas: uma focada nas habilidades de combate do assassino, outra com foco nas investidas a distância e furtividade, e por último uma focada em ferramentas como bombas de fumaça, dardos e a utilização do ambiente como arma. Cabe ao jogador decidir o melhor estilo a ser seguido, mas é possível aliar as habilidades de cada uma delas, pois além dos pontos de habilidades ganhos com a evolução do level, existem eventos únicos como a exploração de tumbas que garantem pontos adicionais.
O crafting também está presente, sendo necessário buscarmos elementos como peles de animais e variados tipos de minério para evoluir os equipamentos de Bayek, que são de extrema importância em combate.
Contamos com dois slots para armas, sendo elas leves, pesadas ou longas, um slot para os diferentes tipos de escudo e também dois slots para os diferentes tipo de arcos que podemos utilizar. Recomendo fortemente o uso do arco do tipo Predador, que funciona como um rifle de longo alcance e possui o recurso de manuseio da direção da flecha, e também o arco de disparo rápido.
Apesar da mudança bem vinda no sistema de combate, alguns detalhes ainda precisam ser trabalhados. Quando estamos cercados de inimigos, é possível se confundir com o controle de câmera, principalmente quando focamos em um por vez, a troca de um para o outro pode ser frustrante. Por diversas vezes optei pelo controle de câmera livre para facilitar o direcionamento dos ataques.
Os inimigos que usam arco e flecha possuem uma precisão fora do comum, digna de atiradores de elite, mesmo em movimento e utilizando seus cavalos. A esquiva de Bayek é de extrema importância para sobreviver em momentos como este.
Vez ou outra pude sentir um certo delay ao executar um ataque e em determinados momentos, conforme o tipo de arma utilizada, o combate não é tão fluido quanto deveria.
A precisão da câmera utilizando arco e flecha também é um problema, pois se movemos o analógico lentamente, a câmera mal se move, porém se adicionamos mais velocidade ao movimento, a câmera se perde devido a velocidade.
Quanto aos demais recursos a nossa disposição, a visão de águia foi substituída pelo “pulso ânimus”, que serve para nos indicar onde estão caixas de itens que podem ter desde armas poderosas, até mesmo o Dracma, que usamos para comprar novas armas, escudos e roupas.
Outra adição bastante interessante à jogabilidade foi a águia de Bayek, Senu, utilizada para marcar inimigos enquanto sobrevoa as cidades e fortes, e também pode ser usada para atrapalhar e atordoar inimigos, facilitando sua eliminação.
Sobre as missões secundárias do game, essas são numerosas e também necessárias para fortalecer Bayek em sua jornada, o que pode frustrar aqueles jogadores que estão constantemente buscando caminhar no arco principal. O ponto positivo com relação a isso é que as missões secundárias estão mais trabalhadas, com pequenas histórias elaboradas que podem entreter o jogador.
Em sua essencial tudo funciona nos moldes de todos os games de Assassin’s Creed até aqui, com diversas mudanças que serviram para dar o gás que a franquia precisava, mantendo a sua excelência em retratar um evento histórico unido a ficção da luta entre templários e assassinos.
Os jogadores mais familiarizados com a franquia vão se sentir em casa e terão inúmeros momentos de vislumbre com os toques diferenciados que a Ubisoft proporcionou. Já aqueles que nunca entraram neste mundo, Origins é um bom ponto de partida que poderá servir como o estopim necessário para que voltem lá em 2007, onde tivemos o primeiro Assassin’s Creed, e acompanhem esta longa jornada desde Altaïr Ibn-La’Ahad até Bayek de Siwa.
Confira também o nosso gameplay de Assassin’s Creed Origins no canal MeiaLuaTV:
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